quarta-feira, 28 de agosto de 2013

On the road numa bolha

Se tem de entender a ironia
Se tem de entender de agonia
Sente e tem de ter calmaria
Se te entendessem essa tua mania
...
"Iá! Essa hora cês num encontram mas nada aberto não, mas tem ali, logo ali, depois daquela rua ali, um habib's... Uma garota, um boliche, um gol num campo de terra."
...
É só uma pizza, a pizza velha pizza errada, esquecida, ironica e fria ao lado da nossa vontade...
...
E fomos buscar o sol, sem que ele quisesse aparecer
...
Pedra
Ferro
Concreto
Concreto
Concrero
Isso é com credo, estamos aqui
Se é que vc me entende
Se é que vc me tem de...
Se é...
Sabe o que é a estrada,
É a mochila, é o concreto, mas também tem vidro...
E tbm tem vida, e enquanto houver vidro há esperança,
De quê?
Pra quê?
Estamos sufocados e sem tempo, o lugar é mágico, a praia está curvada...
Era só tirar os sapatos e ir embora... Pra praia, pro asfalto...
Pra lá...
Mas estamos aqui... E ja vamos voltar...
Vol... Ume alto... Só
Sinto
Saudades
Dos
Vagalumes
.
.
.
Mas só o cheiro gelado da água em partículas...

quarta-feira, 14 de agosto de 2013

O STF e o Juris"Positivismo" Brasileiro


STF é o cão de guarda da direita golpista, e só um reflexo da mentalidade dominante dos pensadores do Direito Brasileiro. E atentemo-nos para o fato de que qualquer jurista que tenha o pensamento juris"positivista" brasileiro é um fascista em potencial. É notório tais atitudes, discursos de alguns desses bacharéis, muitas vezes até recém-formados. Julgam-se tutores da democracia. E da ética. Para eles, sempre faltam a informação e reflexão histórica, sobre o complexo processo da tal microfísica do poder. Ao julgarem, alguns, ao influenciarem uma possível opinião pública,(Lembremos de Pierre Bourdieau), detêm sempre conhecimento e interpretação do que "realmente é correto", em um nível mais estrutural, e até mesmo de projeto de sociedade, de qual realmente deveria ser o nosso rumo... Isso, nada mais é do que o resquício fracassado do sonho iluminista pequeno-burguês(no sentido torpe), e bastante hipócrita.No nosso pacto social brasileiro, demonstram que desde a montagem da burocracia Brasileira, principalmente no período Imperial, nos acompanham, os falsos moralistas, que estão acima de qualquer investigação ou suspeita, nunca pecam, nunca erram, os judeus ortodoxos de outrora, que acham que o povo, a sociedade, a moral, não só necessitam, mas os vêem como  guardiões... Disso, jogam na sociedade seu próprio código de conduta, quase sempre pensado dentro de uma cobertura, daquelas onde não se vê o lado cruel da vida, onde se vê indefesas pessoas brancas, que necessitam de proteção contra bandidos, que claro devem ser enquadrados pelos homens de bem, que tudo estará resolvido. Assim é tão fácil, o sistema funciona, e é por isso que na maioria das vezes trazem para a sociedade seus conjunto de valores que são elitistas, pré-conceituosos, burros, e corruptores. Ingênuos?


Creio infelizmente que não na grande maioria. Precisamos urgente de uma Reforma no Judiciário, que seja amplamente debatida com a sociedade civil. Por que políticos partidários, nós elegemos e os restiramos, mas e os juristas?... Por que a Bíblia e seus ensinamentos desde a Reforma Luterana, temos acesso para questionarmos e interpretarmos... Mas e a tal Lei? O que é a Lei? Quem a criou? Para quê? Para quem? Quem interpreta? Por que a interpretação é sempre enviesada para onde os sinos se dobram? Quem/quantos reconhecem a legitimidade da OAB? Quem se esqueceu da Missionária Dorothy Stang? Quem esqueceu o ap de Joaquim Barbosa no Exterior? Quem elege um desembargador? para quê elege? Por que faz? Pq não aprendi tudo isso na escola? na Academia? Como é que os sinos se dobram?

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Um caminhoneiro torturado pela Ditadura, católico, marxista-guevarista e ex-guerrilheiro

"Estou sempre com um pano na cabeça, ou boné, essa é uma forma pacífica que encontrei de protestar nessa nossa sociedade que julga os outros pelas aparencias."
Papilon, Papilon era o nome que estava adesivado de todo tamanho em um caminhão que logo descarregaria aqui na fábrica, com outros adesivos de Maria, e mensagens católicas, o caminhão tinha uma frase em latim que eu não soube traduzir. Por volta das 18 horas do dia 1 de agosto de 2013, meu pai me chamou, e disse que queria me apresentar um cara que fora torturado na Ditadura Civil-Militar. Com muita curiosidade e devido a minha formação de historiador, fui ao encontrado do cara, logo de cara uma figura simpática e espontânea, me deu os pêsames pela minha camisa do Corinthians e disse ser Cruzeirense fanático. Em seguida fui jogado a uma correnteza enorme de pensamentos, reflexões, sentimentos e desafos que aquele homem de 50 anos me falou. Por vários momentos de nossa conversa, segurei as lágrimas, eu nunca trabalhei com o que alguns chamam de "História oral", nem tampouco fazia noção do real impacto do choque traumático que fora a tortura e a repressão no Brasil Ditatorial pós 64. Pensei em ir em casa, pegar minha câmera, ligar para um amigo com mais experiencia em entrevistas, em capturar audiovisual de testemunhas do passado-presente. Mas não fiz isso, contraditoriamente a minha formação, não quis preservar em vídeo as feições, o jeito dos olhos, o medo, os traumas que Papilon demonstrava. Ele não conseguiu me contar todos os tipos de tortura que passou, me informou da cadeira de dragão, dos choques, de ver pessoas que tiveram uma mangueira com agua enfiada no reto, de ter ficado horas em cima de cacos de tijolos quebrados, me falou em surras, me falou sobre o estupro de seu irmão, que perdeu a noção da barreira real/imaginário após os traumas, me contou também que assistiu o assassinato de seu irmão que fora feito, propositalmente em sua frente. Mas Papilon me confessou, "Eu nunca chorei, segurava as dores e jamais revelei nenhum dos amigos do meu grupo." e seguiu "Alguns entregaram, eu não julgo, eu sei o que é a tortura.". Papilon demonstrava, tristemente em seu semblante e fala, que ainda hoje quando algum militar falava com ele, ele sentia e via o mesmo filme passando em sua mente, que hoje se agarra a Deus, a Maria a Jesus para aguentar, me afirmou não ser fácil, e que há dias em que ele acha que não vai suportar as lembranças. Nesses pontos da conversa eu percebi que não temos ainda nem mesmo a mínima noção do que fora isso que ocorreu em nosso país. Papilon afirmou que nos seus 16 anos optou pela guerrilha urbana, se afirmava e se afirma um guevarista, e disse que não tinha medo naquela idade, que queria ir até o fim pelos ideiais. "Ideal é idela né cara!?" Porém aquele caminhoneiro diz que hoje não participa mais de nada, embora afirme com orgulho ser ainda filiado ao PC do B, ressaltou que militava no PC do B da clandestinidade, mas hoje já não pode, já não consegue estar perto ou ir a frente em um movimento, traumas talvez, que não podemos compreender.
Ao passo da conversa Papilon me afirmou que fizera uma revolução, "Fiz outro tipo de Revolução, uma revolução dentro de casa. Tirei um menino de 8 anos da rua, hoje ele é um atleta campeão, trabalhei duro para dar educação para minhas filhas, e tirar minha mulher de trás do fogão, não desmerecendo as mulheres que ficam atrás do fogão, porem Che Guevara já nos alertava sobre a necessidade de se educar o povo, Che dava aulas de Francês na Revolução."
Papilon me contou; "Marxismo é igualdade cara, é isso" "Esse Papa parece que nos mostrará o caminho". Me perguntou: "Qual a sua religião?" respondi: "sou evangélico", ele: "Mas não se esqueça de Maria, posso lhe falar uma coisa? David era um homem, segundo o coração de Deus, e pecou. E qual foi o pecado de Maria?"
Papilon se despediu, me deu um exemplar do jornal "Diario Pernambucano" onde havia uma reportagem sobre sua vida.
O nome verdadeiro de Papilon é Eulávio Prado, que me contou que pegou para si este nome depois de ler um livro na Prisão que se referia a um preso francês que rebera o nome de Papilon, e que tinha um lema: "Fazer por merecer"
Papilon foi o católico, comunista, apoiador do regime cubano, guevarista, caminhoneiro, on the road, mais louco que já conheci...