quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Do que ainda possa ser... (lembrem de mim)

Não tenho graça
não sou legal
me perdoe se não gosto
me perdoe se não compartilho
filmes, cinema, parnasianismo literário
ópera a zombar dos oprimidos
só diga a todos que estive aqui
e jamais concordei
que vi a luta do nosso povo
e não os menosprezei
diga a eles o que eu era ...
com estes eu nunca rezei
vi pulsar o choro da mãe
que já morta tenta
dar dignidade a seu filho
com esperança de viver
vi pulsar no coração de poucos idiotas
que ainda pensam em poder interceder...
eu estava lá quando a polícia bateu neles por
serem bostas, e vi o sorriso da elite branca a festejar
eu tava lá, Lutero, quando todos eram contra ti
eu tava lá, Marx, quando zombavam de você
eu tava lá, Walter Benjamim, no cárcere
eu tava lá, Che, e junto com você vi toda
miséria dor e opressão que nosso povo sentia
por isso mais uma vez me perdoe...
por favor me perdoe...
Não posso negar a dor do meu povo
Do lado que me ponho na luta de classes
não posso...
não posso...
Desculpe sinceramente...
Não posso fingir ter um romance,
um livro, uma garrafa de bebida...
não estou desrespeitando ninguém
só vos digo que quando forem quastionados
digam... digam... que sozinho
as vezes humilhado, errado, ignorante, sozinho
mas eu tentei, eu lutei
desculpe não poder lhes dar a minha mão
para brincarmos de rodar,
enquanto tudo corre a solto lá fora,
e o menino com um pé enchado junta cascas
de bala pra família alimentar,
e mulher acorda cedo, é humilhada por um emprego fétido
pra poder respirar,
e o homem que tem que abaixar a sua cabeça
a quem o ver, por não ter o conceito deles de dignidade
assim me perdoe, não é por mim que faço,
é culpa de minha mãe que me ensinou o
lado mais lindo de ser cristão,
é culpa de meu pai, que me mostrou
a sua triste história de sofrimento,
préconceito e superação...
se é pra escrever uma história de merda
onde não esteja ali a escrita do nosso povo
os sonhos as esperanças...
o historiador como juiz do tempo
estaremos fadados á condição infeior a vermes
não posso ser tão feliz e ter a consciencia tranquila
Desculpe não posso compartilhar essa alegria
fraca e odiosa em seu rosto...
deslcupe, esta noite eu não dormi
pensando na minha vida...