quarta-feira, 1 de maio de 2013

1° de Maio: ecos da História de festas e de roubos


Artigo publicado em 1 de maio de 2014, no Jornal O'Dia em Teresina, Piauí

Por Leôndidas Freire Júnior, Historiador, realiza pesquisas referentes a Historia Social do Trabalho. @leofreirejr


Na manhã do dia 1º de maio de 1906, o Piauí e com mais riqueza de detalhes Theresina, amanhecia de um modo muito particular aos outros primeiros de maios já passados, o operariado e as pipiras(Operárias da Cia. De Fiação) acordaram cedo como de costume. O apito da Fábrica de Fiação, localizada a beira do Rio Parnaíba, disparou o seu primeiro toque às 7 horas da manhã, baseado nos sinos da Igreja. Iniciou-se uma jornada de cinco toques que iria até a hora do término dia de trabalho às 21 horas, para as mulheres e meninas, de até 9 anos de idade, operárias da fiação. Provavelmente os trabalhadores naquela manhã comeram o tradicional "bolo frito" como café, cozinhado nas panelas de ferro ou de barro, em um fogão também de ferro, confeccionado por um operário ferreiro habilidoso. E de dentro de suas humildes choupanas, construídas com madeira da preciosa carnaúba, que lhes fornecia também as folhas do teto, sentiam o clima agradável de certamente 32 graus, o comum máximo para aquela época na capital. Antes de saírem, vestiram-se com a roupa modesta de casimira, acessível a todos no período e, como de costume, alimentaram os animais que criavam pelos quintais, isso porque quase todos operários e operárias, para ajudar na sobrevivência, tinham galinhas em casa. Naquele dia em 1906, não fora feriado, o feirado do 1º de Maio só se materializa no governo de Arthur Bernardes, em 1927, em uma manobra/tentativa de cooptar o sentido moral do 1° de Maio do Período. No Piauí este 1º de Maio de 1906 foi a primeira comemoração dessa data no estado, por influencia de movimentos operários do mundo inteiro, um grupo de intelectuais Piauienses, através da imprensa operária do período, de associações operárias existentes no Piauí, do apoio da Igreja Católica, organizaram uma festa, para os operários que pudessem participar.(nem todos participaram, não era feriado) E o tom dessa festa fora de chamar a atenção dos convidados ilustres, na época o governador Álvaro Mendes, outros políticos, e até mesmo o Bispo do Piauí, para a condição triste em que o operariado estava inserido. Esse tipo de festa, comemoração politizada, ocorrera ao longo da História da classe Operária brasileira no dia 1° de Maio, através de festas, manifestações, greves, paralisações, propaganda via jornais, panfletos, comícios. Toda essa movimentação refletia o bojo da luta de classes, e das dispitas entre os interesses conflitantes dos trabalhadores e do capital. Essas disputas ficavam sempre mais nítidas no dia 1º de Maio, foram construidoras e contituintes dos avanços sociais, das leis trabalhistas, dos direitos, e das conquistas, que foram roubadas, ideologicamente, pelos governos sutis que incidiram o significado de doação a todas as conquistas operárias (talvez essa estratégia não tenha permanecido nos vagões do passado). Basta atentarmo-nos para quando alguém menciona os direitos trabalhistas, ou a CLT, involuntariamente vem a alguns a figura de um presidente como pai e doador,  de estadistas, juristas, políticos liberais como heróis dos direitos trabalhistas. Porem os ultimos 30 anos de pesquisa historica empirica tem apontado que por muita pressão, manifestações, organização operaria em mutuais, sindicatos, partidos(ainda que declarados ilegais pelo STF da época) provocaram medo na elite brasileira da tomada do poder pelos operários como ocorrera até a metade do séc XX em todo o mundo. Então o Estado ,unido a setores conservadores; "façamos(fizeram) a 'revolução' antes que o povo a fizesse.". Assim foram sendo acrescentados linhas e linhas na CLT, por isso também o dia de hoje, dia de festas, alegrias, também dia do merecido descanso, tem também os ecos das lutas, das conquistas, das vitórias, das derrotas, do, e exclusivamente do, operariado. Viva o dia dos que ensinaram o mundo contemporâneo como conquistar direitos, liberdade e dignidade!!! De Thomas Paine, Karl Marx à Noam Chomsky, do século XVIII, XIX ao XX, os trabalhadores foram os grandes professores da intelectualidade do mundo, e responsáveis por grandes paradigmas epistemológicos das Ciências Humanas, e prinvipalmente mudanças sociais Aos professores-construtores do mundo, feliz dia do Trabalhador.E que venham mais conquistas.